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A Revolução dos Negócios 4.0 Você está preparado para - para o quê mesmo?


Tá difícil acompanhar tudo que acontece no mundo dos negócios. A maioria das empresas sofre para, em meio a crise e problemas do dia a dia, cumprir os objetivos, metas e estratégias planejadas para o ano e ainda pensar o futuro. Mas em qual futuro nossos empresários devem pensar? No futuro imediato, onde a redução de gastos e o aumento de eficiência é a principal prioridade? Ou devem pensar no médio e longo prazo, em que ao manter os mesmos modos de produzir, contratar e vender, e a mesma cultura e estrutura de negócios, com certeza serão engolidos por uma onda de empresas mais inovadoras, mais digitais e focadas em resolver os problema reais dos seus clientes.

Quando falamos em inovação, os desafios passam por uma visão da liderança até a construção interna de uma cultura capaz de trazer resultados concretos. De fato, algumas organizações adquirem capacidades ambidestras, ou seja, tornam-se capazes de inovar nos processos do dia a dia resolvendo suas necessidades de curto prazo, enquanto potencializam o portfólio de projetos de inovação, adotando a busca pelas chamadas soluções disruptivas. Claro que o risco é mais alto, a chance de errar maior e normalmente o custo de desenvolvimento também se eleva, mas o potencial de resultados positivos compensa, pois ao assumir a linha de frente de experimentação de novos modelos de negócio, maior a chance de liderar e conduzir os próximos passos do mercado.

Além dos desafios da gestão da inovação, da digitalização dos negócios e com o movimento das chamadas startup's, altera-se completamente o ciclo de desenvolvimento, com impacto direto em grandes corporações e seus fornecedores. Percebe-se casos em que muitos negócios tornam-se obsoletos do dia para a noite. As chamadas organizações exponenciais (tema do livro Exponential Organizations de Salim Smail) são mais eficientes, rápidas e fazem tudo isso com um custo menor. Não estão amarradas ao modelo dos orçamentos burocráticos e pautam-se em ciclos e equipes menores de desenvolvimento, ancorados em princípios como autonomia, agilidade, experimentação, proximidade com consumidores para: testar e falhar rápido, nova versão, testar, corrigir e mudar novamente. Atropelam velhos modelos de negócio e, potencializados pelas redes sociais, tornam-se populares e passam a ser adotadas por pessoas do mundo todo.

As grandes corporações já reconhecem o potencial das startups, mas também percebem o desafio de flexibilizar o próprio modelo corporativo atual. ”Como assim contratar uma empresa que só tem 1 ano de vida e um ou dois clientes? Estamos com muitos projetos, não dá para fazer tudo que o grupo ‘esquisito’ da inovação quer! Como vou colocar isso nos relatórios de governança ???”” Alguns gestores mais zelosos irão pensar...

Indústria 4.0

Outro tema tem tirado o sono e faz os líderes sonhar com um futuro melhor. A chamada quarta revolução industrial (indústria 4.0 ou manufatura avançada) é um conceito que foi amplamente explorado no Fórum Mundial Econômico em 2016, mas que nasceu de forma mais efetiva como política industrial na Alemanha. Em linhas gerais pretende potencializar a inteligência em toda cadeia produtiva (fábrica inteligente, logística inteligente, produto inteligente e etc.) através do uso de sensores, sistemas integrados e uma série de tecnologias facilitadoras (manufatura aditiva, drones, realidade virtual e aumentada, máquinas que aprendem, computação cognitiva, etc), portanto todo um conjunto de tecnologias, soluções e processos que promete redução de custo, aumento da produtividade e principalmente, melhorar a tomada de decisão.

Um terceiro ponto é o uso da inteligência artificial e a potencialização dos negócios cognitivos. Graças ao barateamento do custo tecnológico, a democratização ao acesso e o foco de grandes empresas em ferramentas. Temos supermáquinas capazes de analisar grandes volumes de dados, desde conversas nas redes sociais, até cruzar prontuários e pesquisas na área de saúde e descobrir cura para doenças enquanto auxiliam advogados em levantar opções para processos judiciais. A IBM investiu pesado no Watson, capaz de aprender, interpretar expressões, sentimentos e oferecer respostas para problemas complexos. Agora mesmo no Brasil, laboratórios já estão usando a tecnologia em pesquisas e exames.


E agora?


Seja a transformação digital, a nova revolução industrial ou os negócios cognitivos, acreditamos que tudo passa pelo desafio de integração humana. Os chamados Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), elencados pela ONU estão definidos, nos questionando quanto as atitudes e comprometimento com o nosso próprio futuro. Com tantas promessas tecnológicas seremos capazes de viver melhor?

Será exigido cada vez mais líderes com visão sistêmica e a capacidade de conectar tecnologia, ideias e modelos de negócio, em ciclo menores, com orçamentos escassos. Será fundamental aprender a trabalhar de forma colaborativa e interdisciplinar, mas principalmente entender movimentos e se adaptar. Novas competências serão demandadas e os currículos de ensino (desde o fundamental até o ensino superior) se tornarão obsoletos, outros métodos de aprendizado vão se tornar realidade e se popularizar (veja o Singularity University, ou a “42” no Vale do Silício, a universidade sem professor).

Não se espante em perder seu emprego e integrar projetos temporários, intercalados com fases de aprendizado. Velhos contratos e modelos de trabalho e organização deixam de fazer sentido no GIG Economy. A quem defenda que as leis, o nosso déficit educacional e baixo crescimento da economia são os maiores inimigos de todos esses movimentos no Brasil. Reforçam que somos um país agrícola, das comoditties e que em termos de revolução industrial, em alguns setores mal conseguimos colocar processos automatizados e sistemas para fazer o básico.

Porém se olharmos para o WhatsApp com seus 1 bilhão de usuários no mundo, podemos questionar essas certezas. No Brasil, acredita-se que mais de 90 milhões de pessoas adotaram a plataforma. Tenha certeza que o fato de ser gratuita contou muito para essa conta. Hoje empresas, profissionais liberais e até grandes corporações adotam a tecnologia para fazer negócios. Operadoras perderam bilhões em receita e tenha certeza que seus modelos de negócio mudaram por isso.

Engana-se aquele que pensa que esse movimento tem bandeira, territorialidade ou respeito as leis e acordos locais. Sim temos muito o que avançar, principalmente na formação de uma geração capaz de entender, interpretar e transformar a nossa realidade. Não sei vocês, mas toda essa sopa de tecnologia, sociedade em rede e desafios complexos nos dá uma fome de transformação política, social, cultural e é claro nos negócios. Sim, não dá realmente pra acompanhar tudo. Até para lidar com esta frustração teremos que nos preparar.

* Artigo publicado na 41 edição da Revista Perspectiva do ISAE em Dezembro de 2016


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